quarta-feira, 9 de junho de 2010

Sade – ainda uma literatura de vanguarda

sade3Sade, o Marquês, ou Donatien-Alphonse-François, nasceu num 2 de junho de 1740, na França, e além de poeta, dramaturgo e pensador, foi um dos mais (se não o mais) pervertidos escritores da literatura Ocidental. Apesar do carma da perversão, que ancorou sua biografia, Sade nunca foi um autor menos que brilhante. O psicanalista francês Jacques Lacan dizia que deveríamos ler as obras do Marquês para descobrir que existe algo de “não natural” no desejo humano, alguma coisa que é irredutível ao seu amor-próprio “natural”. Sade dissertou sobre o universo erótico com tal profundidade que boa parte da psicanálise ainda hoje estuda seus trabalhos como forma de entender a natureza humana.

Outro mestre da psicanálise, o belga Serge Andres, autor de “A Impostura Perversa”, diz que Sade foi o responsável por revelar a face recalcada da libertinagem, substituindo a falsa liberdade moral (defendida pelos libertinos), por uma moral baseada na obediência estrita. Enquanto os libertinos panfletavam “podemos ter prazer, isso não é proibido”, Sade bradava seu hino comportamental, “devemos gozar, isso é uma obrigação”. É difícil dizer se éramos todos sádicos e não sabíamos, ou se sabíamos e não dizíamos. Não importa, o que devemos ressaltar é que sua obra vai muito além da análise apurada que o autor fez dos elementos eróticos da sociedade. Mais do que tudo, ela disseca o “mal” e a hipocrisia do homem em lidar com este.

Não por acaso, Sade foi perseguido, injuriado, atacado e preso várias vezes por escândalos, declarações, publicações, mas nunca se deixou levar pela carga moral que se misturava ao oxigênio social de seu tempo. Aos 23 anos, foi detido pela primeira vez por libertinagem e passou duas semanas na prisão de Vincennes. Daí em diante sua vida foi uma sucessão de escândalos, prisões, devassidão, e como membro da aristocracia tudo o que fazia era comentado nas hostes mais conservadoras da sociedade francesa.

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